A bacalhoada deverá estar mais barata na ceia deste Natal em relação à do mesmo período do ano passado. Com a queda do dólar frente ao Real, o preço do bacalhau e do azeite está menor nos supermercados. Mas nem tudo é alegria. O peso dos impostos e o aumento do consumo no mercado interno anulam os reflexos do câmbio depreciado nos valores de vários produtos, inclusive nas lojas especializadas em alimentos e bebidas importados.
O presidente da regional da Associação Paulista de Supermercados (Apas) de Rio Preto, Renato Martins, diz que, de uma maneira geral, a expectativa da entidade é de redução média de 5% nos preços dos importados, com exceção das bebidas, porque houve aumento de impostos. Entre os produtos que tiveram queda no preço estão o bacalhau do porto, que custa R$ 39 atualmente. No ano passado variava de R$ 45 a R$ 48. O litro de azeite caiu de R$ 13 para R$ 10.
“Mas, essa redução não chega a ser tão significativa e há algumas altas também”, afirmou Martins. Entre os produtos que tiveram aumento encontram-se as frutas cristalizadas, cujo quilo passou de R$ 2,79 para R$ 2,86. Os panetones, industrializados e de fabricação própria, tiveram aumento entre 6% e 8%. “O motivo foi o reajuste de preço da farinha de trigo”, disse.
Entre altos e baixos, a expectativa é que as vendas neste Natal cresçam entre 15% e 20% nos supermercados em relação ao ano passado. “O consumo de panetones deve aumentar 10% em função da entrada de novos consumidores nesse mercado, os das classes C e D”, disse.
Compras antecipadas
A proprietária da Sartorelli Frios e Laticínios, Cidinha Sartorelli, diz que a compra das mercadorias é feita com antecedência de meses e, por isso, uma queda na cotação do dólar agora deve se refletir apenas no Natal do ano que vem. “Os preços estão iguais aos de 2009. Alguns negócios são fechados seis meses antes para que os produtos cheguem a tempo.”
O quilo das nozes, campeãs de vendas, custa a partir de R$ 20 (com casca) e R$ 35 (sem casca). Esse é o mesmo preço das avelãs, também bastante procuradas. O quilo da amêndoa custa a partir de R$ 20 com casca e de R$ 25 sem casca. O quilo do damasco sai por R$ 16 e o do figo turco por R$ 25. “A expectativa com o Natal é boa, de alta de 20% nas vendas. O brasileiro está se acostumando a comer essas frutas o ano todo.”
Consumo aquecido
Segundo Sérgio Musolino, proprietário da Bekaa Delicatessen, o aumento do consumo pegou muitos fornecedores de surpresa, o que está levando à falta de alguns itens. “Algumas marcas já venderam toda sua produção e alguns fornecedores estão sem estoque”, disse. Com o aumento do consumo, os preços permanecem os mesmos. Os vinhos custam entre R$ 20 e R$ 4 mil e os panetones, entre R$ 8 e R$ 80. Para atender à demanda, a saída é buscar novos fornecedores, já que as vendas entre a segunda semana de novembro e o Natal representam de 30% a 35% da venda anual. “Percebemos um aumento no consumo durante o ano todo.”
A gerente do Malte & Whisky, Gislaine Cristina da Silva, diz que o consumo se intensifica a partir da segunda semana de novembro, mas o consumidor que procura algum item específico deve se apressar para não ficar sem o que deseja. “O consumo está aquecido, não para”, diz. O que mais sai nessa época são vinhos e garrafas de whisky. Segundo Cristina, o dólar não influencia no preço. Um litro de Red, da Johnnie Walker, custa R$ 69 e um litro do vinho argentino Catena Zapata custa R$ 54. “Como os impostos são altos, o preço permanece o mesmo, mesmo com a queda do dólar.”
Carga
Para se ter uma ideia, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), 61,22% do preço do whisky é relativo aos impostos embutidos; nos vinhos, o percentual chega a 54,73%; o bacalhau tem 43,78% do preço composto por impostos e as nozes têm 36,45%.
O proprietário da Facility, Paulo Calado, diz que os preços dos importados estão iguais, com alguns itens até mais caros, como é o caso do whisky. “Existe uma grande expectativa. Como a economia está aquecida, esperamos um Natal mais farto, com aumento de pelo menos 20% nas vendas”, disse. Para atender ao aumento do consumo, Calado já reforçou os estoques e está esperando a chegada do restante dos produtos. “Algumas importadoras não liberaram todos os lotes.”
Fonte: IBPT