Auditoria do PanAmericano reage a críticas e Deloitte negocia compra da consultoria Roland Berger

No olho do furacão desde a semana passada, quando foi anunciada a existência de um rombo de R$ 2,5 bilhões no Banco PanAmericano, a firma de auditoria Deloitte, responsável pela checagem dos números do balanço da instituição, afirma que o problema identificado no banco é mais complexo do que parece. Por isso, entende que não pode ser apontada como a única responsável pelo caso. “Estamos numa ponta dessa cadeia. A Deloitte vai responder pelo que lhe couber”, diz Maurício Pires Resende, sócio de auditoria e responsável por assuntos regulatórios da Deloitte.

Sem poder comentar os detalhes do caso ou da investigação em curso, por dever de confidencialidade com o cliente, a Deloitte diz que outros atores desse processo, que não apenas a auditoria, também tem suas responsabilidades.

A diretoria da companhia é a responsável pela elaboração do balanço, preparado pela área de contabilidade da empresa, e que tem como base os dados dos sistemas internos de controle. Feito isso, no caso do PanAmericano, além da auditoria externa da Deloitte, ainda havia o crivo da auditoria interna, do conselho fiscal, do comitê de auditoria e do conselho de administração. A regulação cabe ao Banco Central.

A Deloitte diz que se baseou nos sistemas de controle do banco para fazer o seu trabalho e que partiu do pressuposto de que a administração colocou todas as informações à sua disposição. “Os procedimentos de auditoria que tinham que ter sido feitos naquele momento foram feitos”, afirma Resende, quando perguntado se a firma havia feito testes para checar com os compradores das carteiras de crédito do banco confirmavam as transações.

De acordo com ele, a auditoria não tinha condições de fazer o mesmo cruzamento de dados que o Banco Central fez. “Nossa condição de varrer tudo isso é menor”, afirma o executivo.

A Deloitte foi informada da existência do problema nas contas do PanAmericano numa reunião no dia 9 de novembro, com presença de representantes da própria instituição financeira, do Fundo Garantidor de Crédito e do Banco Central.

“Não tínhamos ciência de que teria uma deficiência de controle nessa magnitude. Fomos pegos de surpresa”, disse, acrescentando que o balanço do terceiro trimestre vinha sendo preparado normalmente pela administração do banco até então.

Apesar de admitir que a repercussão do caso é internacional, Resende diz que a firma não perdeu nenhum cliente como consequência do ocorrido e que tem tido total apoio da rede internacional que forma a Deloitte. Aqui no Brasil, um comitê integrado por ele, pelo presidente da empresa e por sócios experientes está tratando do episódio. “Vamos fazer todo o possível para recuperar nossa imagem, que é a coisa mais preciosa que temos e que realmente está arranhada”, disse.

O sócio da auditoria afirmou ainda que os honorários continuam sendo pagos normalmente, que não tem nenhuma informação sobre a anunciada contratação da PricewaterhouseCoopers e que até agora não foi oficialmente informada sobre uma ação judicial que estaria sendo movida pelos controladores do banco.

Resende disse ainda que a equipe da Deloitte que trabalha no PanAmericano foi reforçada e que a firma está colaborando tanto com as investigações como com a preparação dos números do balanço do terceiro trimestre, que ainda não tem prazo para sair. (Colaborou Nelson Niero)

Deloitte negocia compra da consultoria Roland Berger

Adam Jones | Financial Times, de Londres

A Deloitte Touche Tohmatsu está em negociações avançadas para absorver a Roland Berger Strategy Consultants, como parte de seu esforço para tomar da McKinsey a liderança de mercado na área de consultoria estratégia para administradores.

As discussões para a fusão da firma alemã com a prática de consultoria estratégica da Deloitte dão um maior ímpeto à atividade de consolidação que está ocorrendo este ano no setor de consultoria.

As negociações acontecem depois da aquisição da Hewitt Associates pela Aon por US$ 4,9 bilhões – um negócio que reforçou o braço de consultoria de recursos humanos da Aon – e das negociações de fusão entre a Booz & Co. e a AT Kearney, que terminaram, sem sucesso, no terceiro trimestre.

A nova firma se chamará Roland Berger Deloitte Strategy Consultants. Martin Wittig, executivo-chefe da Roland Berger, será o executivo-chefe da nova empresa, segundo uma pessoa familiarizada com a operação. Jeff Watts, diretor de operações e estratégia global da Deloitte, será vice-executivo-chefe, segundo a mesma fonte.

A Deloitte confirmou na noite de quarta-feira que as discussões estão em estágio avançado. “Temos a empolgante ambição de criar uma consultoria de estratégia líder de mercado dentro da divisão de consultoria da Deloitte. Estamos no momento engajados nos processos de aprovação dos dois lados e esperamos concluir esta transação até o fim do ano”, disse a companhia.

A Roland Berger confirmou que está negociando com a Deloitte a abertura de “novas e fascinantes possibilidades de crescimento” para a firma. “O mercado de consultoria de estratégias está se movimentando e todos os participantes realizam discussões regulares com os concorrentes e outras organizações”, afirmou a companhia.

No entanto, a empresa emitiu uma nota de cautela antes de uma reunião de seus 200 sócios no mês que vem. “Como uma parceria de fato, vamos explorar todos os assuntos importantes primeiro, e a fundo, entre os sócios. Nossa reunião dos sócios internacionais marcada para dezembro vai proporcionar a plataforma certa para fazermos isso”, disse A Roland Berger.

A Deloitte está organizada como uma rede mundial de firmas individuais que cobrem principalmente apenas um país cada. Acredita-se que a fusão envolverá a transformação dos sócios da Roland Berger em sócios da organização nacional relevante da Deloitte, mas os detalhes sobre como isso será feito não foram anunciados na noite de quarta-feira. Fundada em 1967, a Roland Berger está presente em mais de duas dezenas de países e registrou receita de € 616 milhões em 2009.

Enquanto isso, a Deloitte obteve receitas de consultoria de US$ 7,5 bilhões no exercício encerrado em 31 de maio, comparado aos US$ 11,7 bilhões que ela obteve com as atividades de auditoria, que tradicionalmente são o coração da organização. Acrescentando-se os impostos e o trabalho de consultoria financeira, a receita total da Deloitte foi de US$ 26,6 bilhões.

Uma pessoa a par das negociações disse que a presença da Roland Berger na Alemanha, outros mercados europeus e Ásia complementará a distribuição geográfica da Deloitte.

A Deloitte comprou a maior parte do braço de consultoria de serviços públicos da BearingPoint na América do Norte por US$ 350 milhões no ano passado.

Fonte: Valor Econômico

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Auditoria do PanAmericano reage a críticas e Deloitte negocia compra da consultoria Roland Berger

No olho do furacão desde a semana passada, quando foi anunciada a existência de um rombo de R$ 2,5 bilhões no Banco PanAmericano, a firma de auditoria Deloitte, responsável pela checagem dos números do balanço da instituição, afirma que o problema identificado no banco é mais complexo do que parece. Por isso, entende que não pode ser apontada como a única responsável pelo caso. “Estamos numa ponta dessa cadeia. A Deloitte vai responder pelo que lhe couber”, diz Maurício Pires Resende, sócio de auditoria e responsável por assuntos regulatórios da Deloitte.

Sem poder comentar os detalhes do caso ou da investigação em curso, por dever de confidencialidade com o cliente, a Deloitte diz que outros atores desse processo, que não apenas a auditoria, também tem suas responsabilidades.

A diretoria da companhia é a responsável pela elaboração do balanço, preparado pela área de contabilidade da empresa, e que tem como base os dados dos sistemas internos de controle. Feito isso, no caso do PanAmericano, além da auditoria externa da Deloitte, ainda havia o crivo da auditoria interna, do conselho fiscal, do comitê de auditoria e do conselho de administração. A regulação cabe ao Banco Central.

A Deloitte diz que se baseou nos sistemas de controle do banco para fazer o seu trabalho e que partiu do pressuposto de que a administração colocou todas as informações à sua disposição. “Os procedimentos de auditoria que tinham que ter sido feitos naquele momento foram feitos”, afirma Resende, quando perguntado se a firma havia feito testes para checar com os compradores das carteiras de crédito do banco confirmavam as transações.

De acordo com ele, a auditoria não tinha condições de fazer o mesmo cruzamento de dados que o Banco Central fez. “Nossa condição de varrer tudo isso é menor”, afirma o executivo.

A Deloitte foi informada da existência do problema nas contas do PanAmericano numa reunião no dia 9 de novembro, com presença de representantes da própria instituição financeira, do Fundo Garantidor de Crédito e do Banco Central.

“Não tínhamos ciência de que teria uma deficiência de controle nessa magnitude. Fomos pegos de surpresa”, disse, acrescentando que o balanço do terceiro trimestre vinha sendo preparado normalmente pela administração do banco até então.

Apesar de admitir que a repercussão do caso é internacional, Resende diz que a firma não perdeu nenhum cliente como consequência do ocorrido e que tem tido total apoio da rede internacional que forma a Deloitte. Aqui no Brasil, um comitê integrado por ele, pelo presidente da empresa e por sócios experientes está tratando do episódio. “Vamos fazer todo o possível para recuperar nossa imagem, que é a coisa mais preciosa que temos e que realmente está arranhada”, disse.

O sócio da auditoria afirmou ainda que os honorários continuam sendo pagos normalmente, que não tem nenhuma informação sobre a anunciada contratação da PricewaterhouseCoopers e que até agora não foi oficialmente informada sobre uma ação judicial que estaria sendo movida pelos controladores do banco.

Resende disse ainda que a equipe da Deloitte que trabalha no PanAmericano foi reforçada e que a firma está colaborando tanto com as investigações como com a preparação dos números do balanço do terceiro trimestre, que ainda não tem prazo para sair. (Colaborou Nelson Niero)

Deloitte negocia compra da consultoria Roland Berger

Adam Jones | Financial Times, de Londres

A Deloitte Touche Tohmatsu está em negociações avançadas para absorver a Roland Berger Strategy Consultants, como parte de seu esforço para tomar da McKinsey a liderança de mercado na área de consultoria estratégia para administradores.

As discussões para a fusão da firma alemã com a prática de consultoria estratégica da Deloitte dão um maior ímpeto à atividade de consolidação que está ocorrendo este ano no setor de consultoria.

As negociações acontecem depois da aquisição da Hewitt Associates pela Aon por US$ 4,9 bilhões – um negócio que reforçou o braço de consultoria de recursos humanos da Aon – e das negociações de fusão entre a Booz & Co. e a AT Kearney, que terminaram, sem sucesso, no terceiro trimestre.

A nova firma se chamará Roland Berger Deloitte Strategy Consultants. Martin Wittig, executivo-chefe da Roland Berger, será o executivo-chefe da nova empresa, segundo uma pessoa familiarizada com a operação. Jeff Watts, diretor de operações e estratégia global da Deloitte, será vice-executivo-chefe, segundo a mesma fonte.

A Deloitte confirmou na noite de quarta-feira que as discussões estão em estágio avançado. “Temos a empolgante ambição de criar uma consultoria de estratégia líder de mercado dentro da divisão de consultoria da Deloitte. Estamos no momento engajados nos processos de aprovação dos dois lados e esperamos concluir esta transação até o fim do ano”, disse a companhia.

A Roland Berger confirmou que está negociando com a Deloitte a abertura de “novas e fascinantes possibilidades de crescimento” para a firma. “O mercado de consultoria de estratégias está se movimentando e todos os participantes realizam discussões regulares com os concorrentes e outras organizações”, afirmou a companhia.

No entanto, a empresa emitiu uma nota de cautela antes de uma reunião de seus 200 sócios no mês que vem. “Como uma parceria de fato, vamos explorar todos os assuntos importantes primeiro, e a fundo, entre os sócios. Nossa reunião dos sócios internacionais marcada para dezembro vai proporcionar a plataforma certa para fazermos isso”, disse A Roland Berger.

A Deloitte está organizada como uma rede mundial de firmas individuais que cobrem principalmente apenas um país cada. Acredita-se que a fusão envolverá a transformação dos sócios da Roland Berger em sócios da organização nacional relevante da Deloitte, mas os detalhes sobre como isso será feito não foram anunciados na noite de quarta-feira. Fundada em 1967, a Roland Berger está presente em mais de duas dezenas de países e registrou receita de € 616 milhões em 2009.

Enquanto isso, a Deloitte obteve receitas de consultoria de US$ 7,5 bilhões no exercício encerrado em 31 de maio, comparado aos US$ 11,7 bilhões que ela obteve com as atividades de auditoria, que tradicionalmente são o coração da organização. Acrescentando-se os impostos e o trabalho de consultoria financeira, a receita total da Deloitte foi de US$ 26,6 bilhões.

Uma pessoa a par das negociações disse que a presença da Roland Berger na Alemanha, outros mercados europeus e Ásia complementará a distribuição geográfica da Deloitte.

A Deloitte comprou a maior parte do braço de consultoria de serviços públicos da BearingPoint na América do Norte por US$ 350 milhões no ano passado.

Fonte: Valor Econômico

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